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QUANDO A DANÇA VESTE O CORPO: moda, movimento e identidade.

Zênia Caó

MODA

Entre 2009 a 2019, os Encontros de Danças Urbanas marcaram uma década de ocupação artística e cultural nas ruas de Vitória. Organizados pelo coletivo UDES, esses encontros mensais e gratuitos, foram mais que eventos de dança: foram espaços de formação, pertencimento e expressão por meio das danças urbanas. O UDES nasceu da urgência de criar espaços que valorizassem as danças urbanas em suas especificidades, longe do contexto da competição de quem sabia dançar melhor, mas num cenário de coletivo, com o objetivo de unir os dançarinos da época.

As danças urbanas nasceram das vivências negras e populares, de resistências cotidianas que atravessaram o corpo e produziram identidade a partir de suas origens e trajetórias. Na época, não tínhamos a noção, mas esse evento foi um gesto político, pois tínhamos nosso posicionamento que era proporcionar um espaço para a juventude se expressar através da dança, sem julgamentos ou disputa. Além disso, trazíamos muita oralidade nos momentos do Encontro, seja pelo microfone, numa conversa ou ensinando um participante a dançar. Víamos crianças, jovens, adultos e idosos livres naquele lugar, onde entrar “na roda” era como um carimbo da sua própria identidade.

E a moda nesse contexto? Era a combinação perfeita para conectar o corpo, vestuário e a imagem. Os estilos refletiam as culturas hip-hop, skater e afro, o astro pop Michael Jackson também era referência, algumas peças e objetos do momento eram: o tênis Adidas superstar, tênis Puma suede classic, camisas oversized, bonés aba reta estavam começando a aparecer, calças jeans largas, bermudões nas mulheres, maquiagens marcantes, cabelos trançados, meninas assumindo seus cabelos crespos, bandanas e durag na cabeça, correntes e estampas urbanas feito a mão nas t-shirts. A relação pele x tecido comunicava origens, influências e pertencimento, peças de roupas mais largas confeccionadas com tactel ou denim para calças e bermudas, camisetas e croppeds de algodão para proporcionar a ergonomia adequada para o movimento. Tinha quem pensasse no “look do sábado” com muita dedicação, e quem se vestisse no improviso da rua, tudo era válido. 

Chegar até o local também era um desafio a parte, seja de ônibus, carro, a pé ou com a bike. A galera da cultura low biker também se fazia presente, com suas bikes ultra customizadas que faziam sucesso por ali. Pessoas vinham de outras cidades do Espírito Santo para participar, a mochila era peça fundamental dessa caminhada. Os encontros revelaram talentos, criaram grupos de dança, fortaleceram vínculos, inspiraram outros coletivos e profissionais das artes. Esse acervo nasce do desejo de não deixar essa história se apagar, e hoje tenho a certeza de que colhemos bons frutos e que venham outras iniciativas como está, viva as danças urbanas!

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